SEI
LÁ
Sei lá. É na madrugada da
vida que dou corda para minhas utopias. Eu que não tenho sete vidas, tenho
pensado em viver bem: tomar chimarrão, evitar noticiários e não relembrar os
amores do passado. Sobre o amor, tenho sentimentos coloridos para com o meu décimo
terceiro salário, só que, de vez em quando, me sinto no meio de uma novela,
porque do nada aparece alguém querendo tirar ele dos meus braços. Esse amor é
meu! Neste mundo dos direitos, uma coisa que nunca entendi é porque sempre
querem tirar os direitos de uns em benefício de outros. Minha maior utopia é
uma parabólica desajustada, embora o mundo já seja bem desajustado: uns tem
fome de comida, outros de dinheiro. E é por isso que não entendo nada, só me
restando ficar de olho na televisão esperando por um salvador. Sobre salvação,
os professores me ensinaram a amarrar os cadarços quando eu era pequenino e
frequentava a escola. Depois também aprendi a escrever, ler, desenhar, somar,
multiplicar e todas essas coisas que serviram de base para hoje tomarmos banho
quente no inverno. Na matemática da vida é que nunca fui bom, tudo porque sei
muito bem que professor trabalha trezentas horas semanais enquanto a semana só
tem cento e sessenta e poucas horas, sem falar que o professor recebe só por
meia dúzia dessas. O pão de cada dia tem aumentado meu colesterol. A televisão
tem me deixado enjoado. Só que no meio de tudo isso já tô pensando na Copa do
Mundo, que pelo menos ocupa o noticiário com coisas diferentes, não só falando
todos os dias de futebol, dos escândalos de corrupção do Congresso Nacional e
das reformas que devemos temer. De vez em quando me pego pensando em músicas.
Música é um negócio rico, diverso e cheio de vida. Sempre quis acreditar que um
dia haveria mais músicas do que estrelas, só que esses dias fiquei ouvindo
rádio e cheguei à conclusão que estamos perdidos, porque as músicas se repetem
diariamente, semanalmente... e parece que não tem nada de novo. Quando tem, é
mais do mesmo. Temer o mais do mesmo sempre! Poderia ser Temer do verbo Michel,
mas hoje tô de folga, não quero tocar no nome de quem quer reformar a
previdência atacando o povo, ou, se preferirem, no sujeito que fica mais
enrolado a cada dia que passa. Preferia o Brasil do carnaval, da caipirinha e
sei lá do quê, porque esse lance de mala de dinheiro, compra de silêncio,
negociatas e golpes não tá fazendo bem para ninguém. O carnaval é depois ou antes
da Copa do Mundo? Melhor ir tratar da minha parabólica desajustada e focar em
minhas utopias. Beijos.
André Detoni
VINIL
Sempre gostei de música,
de muitas e diversas.
De ouvi-las por tantas horas
De metal às mais singelas
Do vinil ao spotify
De Gonzagão e muito mais,
verdadeiras aquarelas.
Assim com as estrelas
elas sempre me encantaram,
e apesar de repetidas
Muitas vezes motivaram
a pensar sobre o mundo
refletir e ir a fundo
sobre fatos que passaram.
A questão é mais do mesmo!
Ou ter apenas dois lados?
Não é que vinil seja ruim
por não ter tantos espaços
É o conteúdo da música,
confeitado com astúcia
e muitos tantos maltratados.
Persistir em utopias
Ou ver a copa na TV?
Prefiro sentir meu vinil,
pensar e tentar entender
que ouvir apenas dois lados
sem atentar aos descalabros
só aumentará o meu temer.
Fabio
Soares
Publicados em 27
de junho na Coluna Pimenteiro do Diário Data X
Nenhum comentário:
Postar um comentário