sexta-feira, 19 de outubro de 2012
terça-feira, 16 de outubro de 2012
Geni e o Zepelim
Na cidade
de Xanxerê, tivemos mais uma audiência pública do Plano Diretor. Outra em menos
de um ano. Este é o tempo que o planejamento para o município parece resistir.
A cada entrave aos empreendedores, que viverão mais uns 50 anos, altera-se o
Plano Diretor. Um planejamento desplanejado, muito discutido, cheio de apostas
e com pouco e em muitos casos nenhum estudo. Não havia levantamento aerofotogramétrico
e mapeamento para discutir ampliação do perímetro urbano sobre o leito do Rio
Ditinho a montante da captação, Rio que abastece a cidade.
Conforme
o que foi dito na imprensa xanxerense, o cancelamento da discussão da ampliação
do perímetro urbano foi culpa da Agenda 21. Há uma música do Chico Buarque que
fala da hipocrisia da sociedade brasileira, que embora antiga, lembra muito o
fato recente.
Já
conhecemos a história do caminhão de vísceras tombado sobra ponte o Rio
Ditinho, e quem bebeu a água e teve que deixar de bebê-la não foi quem decidiu
dar incentivo e colocar a empresa no lugar errado. Da mesma forma quem cada vez
terá menos água disponível não serão os que buscavam promover a expansão do
perímetro urbano nem os loteadores. Estes tomam água de poço, podem pagar e
enquanto viverem os aproximadamente 50 anos que lhes resta, ainda existirá
água. Quanto às futuras gerações, segundo os mesmos, que achem outra forma. O
bom é que a história marca o nome dos políticos e daqui a algumas décadas
pesquisando descobrirão os nomes do prefeito e vereadores que em pleno terceiro
milênio incentivaram a expansão do perímetro urbano sobre o Rio que abastecia a
população, comprovando que o “desenvolvimento” insustentável, está acima da
proteção dos direitos mais elementares da população.
Crescer
para todos os lados, e esta era a proposta da ampliação feita sobre uma foto do
Google Earth, é uma forma de não planejar. Questionam hoje porque Xanxerê não
tem uma avenida que atravessa a cidade, como Chapecó. É a diferença entre o
crescimento espontâneo e o crescimento com o mínimo de planejamento ou desenho
urbano. Sempre é tempo de perder-se no caminho, por isso somos um país
continental, com riquezas inigualáveis, mas fazemos parte do terceiro mundo.
Nosso início com matas abundantes, ouro e pedras preciosas era promissor e
continuamos aguardando o futuro, mas em 500 anos já acabamos com boa parte das
riquezas naturais de uma das porções do Planeta considerada a mais bem servida
de recursos naturais do mundo, mas continuamos no hall dos subdesenvolvidos.
Como planejar
a expansão de uma cidade/município se você não tem nem um mapa (com relevo,
edificações existentes, marcação de córregos, banhados, fontes) da área para
onde quer expandir a área urbana? Na década de 1950, quando o município de
Xanxerê foi emancipado de Chapecó, no quadro urbano havia um mapa contendo as
poucas ruas existentes, traçado das futuras ruas, marcação do Rio Xanxerê e córregos
e mesmo assim a área urbana apresenta problemas, pois tinham um mapa, na
verdade com poucos recursos, e somado a isto não planejaram. A população
reclama que não há uma rua que atravessasse a área urbana, no sentido
leste/oeste e talvez pior tecnicamente: as duas avenidas da área urbana (ruas
com caixa/largura maior) terminam na mesma rua central. E em 2012, terceiro milênio, pretendia-se
expandir o perímetro urbano de Xanxerê sem mapeamento, muito menos
planejamento. Uma ação empírica com total falta de técnica, visando interesses
particulares, lucro imediato, desrespeitando a lei e não levando em conta os
problemas atuais.
Ninguém é
contra ganhar dinheiro, mas será que quem mora atualmente de aluguel e não tem
carro preferia moram num dos bairros já existentes próximos à estrutura
consolidada ou morar em loteamentos novos longe do centro, onde se concentra o
comércio e serviços públicos e ficar dependente do transporte coletivo nos
horários existentes? Alguém explicou para quem precisa de casa própria que há
centenas de lotes vazios no atual perímetro urbano, muitos com pavimentação ao
redor, especulando até o momento que vendam pelo preço desejado e que ninguém
faz cumprir a lei implantando o imposto progressivo previsto no Plano Diretor
de Xanxerê, obedecendo ao Estatuto da cidade, para que a área urbana tenha seu
fim social? O Conselho do Plano Diretor explicou isto para a população? Quem capacitou ou expôs alternativas para
população repeitando o artigo 7º da Resolução 25/2005 do Conselho das cidades,
com referência às audiências públicas?
No Brasil onde há pouco incentivo à leitura (e muito
para assistir televisão) poucos sabem que a lei 12608/2012 (Política Nacional
de Defesa Civil) alterou o Estatuto da cidade (Lei no 10.257, de 10 de julho de
2001), justamente no artigo referente à expansão do perímetro urbano (artigo
42B). O artigo foi alterado devido à falta de planejamento das cidades
brasileiras ter colocado em risco milhares de pessoas e ceifado a vida de
outras tantas devido à permissão de loteamentos em locais impróprios, sem falar
no desperdício de dinheiro público com financiamento de imóveis nestes locais.
A pergunta: como atender os itens do artigo 42B, do Estatuto da cidade se não
há mapeamento da área para ampliação do perímetro urbano?
Será que ninguém sabia da alteração da Lei ou contavam
com a ignorância da população xanxerense e, como não deu certo e alguém tem que
ser culpado, sobrou para a Agenda 21?
O país finalmente e felizmente depois de 500 anos
parece estar começando a falar de planejamento e a elaborar e aprovar leis que
possibilitem esta cobrança pela população, procurando aplicar ações
transversais. O governo do Estado de Santa Catarina, comprovando que é mais
barato planejar do que, entre outros, reconstruir parte de cidades destruídas
pela ocupação inadequada do solo ou realocar famílias, contratou o levantamento
aerofotogramétrico com mapeamento de todo Estado, para que haja ao menos
disponibilidade de ferramentas para planejamento adequado de seus municípios. E
afirmou que sem ter os recursos técnicos não é possível planejar. Quando o
governo contratou o serviço que custará milhões ao Estado, e ficará pronto
dentro de dois anos, já estava amparado e visando cumprir a exigência legal de
mapeamento para expansão do perímetro urbano dos municípios, que se espera seja
cumprida em Xanxerê, que também se localiza no Estado de Santa Catarina-
Brasil.
Deseja-se que seja feita, conforme a lei, a devida
capacitação da população xanxerense, formada em sua maioria por trabalhadores
que ganham menos de 3 salários mínimos mensais, para que essa maioria também
seja incluída nas audiências públicas e saiba dizer como ela deseja o município
para a sua e as futuras gerações.
Almeja-se que desenvolvimento sustentável não seja um
slogan político, mas uma realidade nos municípios.
Para
finalizar a Agenda 21 não “dá para qualquer um”, talvez por isso muitos não
entendam que ela deve servir a todo século 21, não ao interesse de pessoas ou
grupos imediatistas; mas em parte da imprensa xanxerense continuará a música,
porque é mais fácil “Jogar pedra na Geni...”.
Rosângela
Favero – GEDIS
segunda-feira, 8 de outubro de 2012
04/10 - Palestra com o Professor Ricardo Antunes
*Fonte: site da UNOESC (http://unoesc.edu.br/noticias/sociologo-ricardo-antunes-palestrou-em-xanxere)
Ontem à noite (04), o Campus de Xanxerê sediou palestra com o renomado sociólogo Ricardo Antunes. O evento foi uma promoção em conjunto do Campus e do grupo de estudos Direitos Sociais na América Latina (Gedis), articulada ao projeto "Direito e desordem: revisitando as bases da cultura jurídica tradicional".
Ontem à noite (04), o Campus de Xanxerê sediou palestra com o renomado sociólogo Ricardo Antunes. O evento foi uma promoção em conjunto do Campus e do grupo de estudos Direitos Sociais na América Latina (Gedis), articulada ao projeto "Direito e desordem: revisitando as bases da cultura jurídica tradicional".
Durante cerca de três horas, o professor Dr. Ricardo Antunes abordou a temática "A nova morfologia do trabalho, a crise e a precarização".
Inicialmente, o professor realizou uma análise da atual crise do Capitalismo, indicando o aprofundamento das formas de precarização do trabalho do homem. Nesse aspecto, fez uma crítica ao sistema Capitalista, em seu ponto de vista lastrado unicamente na acumulação, e registrou casos de exploração do trabalho humano em países da Europa, na Ásia, nos EUA e no Brasil. Relatou, ainda, inúmeros casos de suicídio de trabalhadores em razão das condições de trabalho. Complementando, explanou casos de exploração no Brasil, principalmente em relação a imigrantes, negros e mulheres.
Prosseguindo, o palestrante afirmou que os grandes empreendimentos econômicos precisam da aquiescência e do envolvimento dos trabalhadores para tê-los só pensando neles. Com isso, indagou o motivo pelo qual aquele que hoje é chamado de colaborador é o primeiro a ser punido, com o desemprego, em tempos de crise.
Ao final, instigou os acadêmicos e a juventude a pesquisar de forma crítica e a aceitar a ideia de que um outro mundo é perfeitamente possível.
O palestrante
Ricardo Antunes é considerado um dos mais respeitados sociólogos do Brasil. Professor titular de Sociologia no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp, doutorou-se em Sociologia, pela USP, em 1986. Pesquisador do CNPq, já recebeu o prêmio Zeferino Vaz, da Unicamp (2003), e a cátedra Florestan Fernandes (2002).
Publicou, entre outros, os livros: Adeus ao trabalho? (publicado também na Itália, Espanha, Argentina, Colômbia e Venezuela), Os sentidos do trabalho (também na Argentina e Itália), A desertificação neoliberal, A rebeldia do trabalho e O novo sindicalismo no Brasil.
Além disso, colabora regularmente em revistas no exterior e no Brasil.
O Gedis
O professor Régis Trindade de Mello, integrante do Gedis, explica que trazer o professor Ricardo Antunes para palestrar em Xanxerê era uma pretensão de longa data do Grupo.
– Conseguimos, após inúmeros contatos, agendar com o professor Ricardo uma data para sua palestra. É importante salientar que ele veio a Xanxerê sem a cobrança de honorários, enquadrando-se perfeitamente na proposta do Gedis e da coordenação do curso de Direito de ofertar aos acadêmicos e demais interessados o acesso ao pensamento crítico sem altos custos financeiros – observa.
Em relação às atividades atuais do Gedis, o professor Régis informa que o grupo colabora com o curso de Direito do Campus no projeto "Direito e desordem: revisitando as bases da cultura jurídica tradicional".
– Com isso, além das palestras já realizadas, mais duas serão ofertadas aos acadêmicos e ao público em geral: uma com a juíza do Trabalho Angélica Nogara Slomp, sobre "Terceirização", no dia 20 de outubro, e, antes do fim do ano, outra sobre "Ativismo judicial", com o professor Miguel Gualano de Godoy (assessor especial para Integração da Pessoa com Deficiência, da Secretaria de Estado da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos do Estado do Paraná).
O Gedis, também formado por Samuel Radaelli, Cleiton Chiodi, Luis Kohl, Bruno Picoli, Delcio Marquetti, Cíntia Zandoná, Rosângela Fávero e Julia Marçal, tem a aspiração de propagar, principalmente no meio acadêmico, o pensamento contramajoritário.
sexta-feira, 5 de outubro de 2012
Para diagnosticar alguns picaretas nesta eleição
“todos que pela
fortuna, pela educação, pela inteligência ou pela astúcia, são aptos para
liderar uma comunidade humana e têm oportunidade de o fazer - em outras
palavras, todas as facções das classes dominantes - devem curvar-se perante o
sufrágio universal, desde que instituído, e igualmente, se a ocasião o exigir,
lisonjeá-lo e ludibriá-lo” (Gaetano Mosca).
Em
busca do melhor candidato – ou, em muitos casos, do menos ruim - o eleitor
atualmente se depara com uma ampla oferta de pretendentes e propostas, todos se
apresentando com a marca da diferença e da modernidade.
Embora
a promessa seja a da diferença, em muitos casos tem-se a repetição de práticas
e discursos, e o teor da propaganda permite conhecer o que o candidato, na
verdade, quer ocultar.
A
avalanche de mensagens e ofertas serve para diagnosticar, com grande
probabilidade de certeza, a existência de um picareta por trás delas.
São
os seguintes, dentre tantos, os discursos, fatos e práticas que denotam um
picareta:
1. “O candidato da família”: discurso hipócrita e
demagogo, em geral usado como cartão de visitas de quem quer manipular a boa-fé
das pessoas. Caberia a pergunta: como ele vai defender a família?
2. “Todo mundo faz assim” ou - o que é
pior - “todo mundo é corrupto”: o candidato justifica suas práticas.
Admite que não presta, mas coloca todos os pretendentes na vala comum: todos
compram votos, todos roubem. Este fato não é verdadeiro, pois ainda existem
pessoas boas na política. Por trás deste argumento há um safado em 100% dos
casos.
3. “É preciso evitar o conflito entre
ricos pobres”:
os que professam este tipo de discurso não estão preocupados em pacificar a
sociedade, mas em manter o resultado de um jogo onde alguns já estão ganhando.
Nesse caso, é fácil perceber quem está patrocinando sua campanha eleitoral.
4. “É preciso apoiar novas empresas”: diante desta
afirmação, pergunta-se: quais empresas?
5. Campanhas milionárias: estas, em geral, são
financiadas com dinheiro público. O candidato gasta muito porque o dinheiro não
é o seu, mas sim o do povo. Estes não vão lutar pela maioria.
6. Políticos sem profissão: grupo de pessoas que
não pode sair do cargo, pois precisam exerce-lo para lucrar o máximo possível
por meio dele.
7. “O candidato da igreja”: é aquele que usa a
religião para eleger-se, independentemente do credo. Há uma clara manipulação
do eleitor, pois não se quer discutir propostas (em regra, inexistentes).
8. O “político hereditário”: candidato cujo
principal atributo - por vezes único - é ser filho de alguém, em geral outro
político. Este tipo de picareta converte os interesses do Estado em interesses
familiares, pondo a Administração Pública a serviço da família.
9. O “gente boa” “que se dá bem com todo
mundo”:
este não representa nada. Política é inovação e mudança e isso se faz somente
com contestação, contrariando interesses. Se o político não contesta ninguém,
provavelmente a única coisa que ele quer mudar é a própria vida.
10. O “para-quedista”: este aparece
subitamente do nada, para onde retornará (não sem fazer algum estrago).
11. O “afilhado”: semelhante ao
hereditário. Não possui nenhum ideal e nenhuma qualidade. Foi inventado por
alguém que lhe transmite o carisma e votos, exigindo em troca obediência
suprema.
Não
se trata de um catálogo exaustivo. Ao contrário, o rol de condutas descritas é
apenas uma listagem de algumas das muitas atitudes comuns em época de campanha
eleitoral. Todavia, precavendo-se contra estas já da para melhorar em muito a
política.
Samuel Mânica Radaelli - GEDIS
segunda-feira, 1 de outubro de 2012
Palestra com o prof. dr. RICARDO ANTUNES, em Xanxerê
É com imensa alegria que recebemos, em Xanxerê, um dos maiores sociólogos do Brasil, o professor dr. Ricardo Antunes. Sua visão crítica do mundo e sua proximidade com os movimentos sociais faz do seu pensamento uma essencial fonte de estudo para aqueles que desejam uma sociedade melhor, mais igualitária, para todos. Além do mais, seu ponto de partida é de proximidade com a realidade latino-americana, trazendo alento àqueles que buscam um pensamento legítimo, uma filosofia nossa, que dê conta dos nossos problemas e esteja apta a compreender nossos sentimentos e anseios.
Ricardo Antunes é autor e organizador de uma série de obras, incluindo "Infoproletários" e "Adeus ao trabalho?". Sua produção se destaca, sobretudo, na área da sociologia do trabalho, e é sobre isso que o professor vem conversar conosco, em Xanxerê/SC, dia 04 de outubro de 2012, às 19h30min, no auditório do bloco E da UNOESC.
A palestra faz parte do programa "Direito e (des)ordem", organizado pelo GEDIS, o qual busca uma abordagem crítica acerca do direito. Objetivamos a construção de um pensamento contra-majoritário e, acima de tudo, transformador. Ressaltamos, porém, que a palestra será aberta ao grande público e não será cobrada entrada, devido à importância que atribuímos à disseminação do pensamento do professor.
Contamos com a presença de todos os interessados, em especial dos juristas e dos acadêmicos de direito que buscam a construção de um direito transformador, voltado à redução das mazelas sociais e à reconstrução do mundo em benefício de todos. Apreciar o pensamento do professor dr. Ricardo Antunes certamente será de grande valia aos comprometidos com as questões sociais, àqueles que assumem a responsabilidade pelo "outro", pelo excluído, pelo oprimido, ou seja, aqueles que não negam a realidade que nos confronta e nos desafia, diariamente.
Aguardamos vocês nesta quinta-feira!
Um abraço,
grupo GEDIS.
PROF. DR. RICARDO ANTUNES
04/10/2012, às 19h30min
Local: Auditório Bloco "E", UNOESC/Xanxerê
Entrada Franca.
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