Vez ou outra surgem
jargões do tipo “partido é tudo igual”, “político é tudo farinha do mesmo saco”,
“hoje em dia não existe mais partido de direita e de esquerda” etc etc etc.
Não é preciso muita
inteligência para não acreditar nessas frases. Bastaria assistir um pouquinho
de TV Senado, por exemplo, ou buscar informações sobre como votam os deputados
e senadores em relação aos recentes e polêmicos projetos de mudanças na lei e
na Constituição. Aí as pessoas que realmente acreditam nesses jargões
perceberiam que foram enganadas por um discurso achatado e gosmento do “tudo
igual”.
Vejam só: se não
houvesse diferenças entre os partidos, não seria razoável que os congressistas
votassem de forma aleatória, ou seja, que não houvesse nenhuma relação entre seus
posicionamentos políticos e sua filiação partidária? Percebam, leitores, que na
prática não acontece assim. Os partidos políticos são, sim, determinantes na
tomada de decisões dos congressistas. É possível dizer que a ideologia
partidária serve de principal alimento para seus votos.
Por exemplo: deputados
federais de partidos como PT, PSOL e PCdoB votaram contra o projeto de lei que
regulamenta a terceirização. Já os deputados do PSDB, DEM e PMDB votaram em
massa a favor da terceirização. A terceirização prejudicará os trabalhadores e
beneficiará os empregadores. Cada partido defende um lado e isso tem tudo a ver
com a atuação de seus respectivos deputados, o que demonstra ser falaciosa a
afirmação “partido político é tudo igual”.
Amigos, existem vários
outros exemplos capazes de comprovar da mesma maneira a mentira desse discurso.
Permitam-se acompanhar as discussões da redução da maioridade penal, da
legalização do porte de armas e da criminalização do aborto – infelizmente não
há espaço aqui para falar de tudo isso.
Ressalva-se: não se
está de forma alguma negando a evidente crise de legitimidade do sistema
político brasileiro, que precisa de graves reformas.
Acontece que muitas
pessoas são vítimas desse discurso cínico do “corrupcionismo”: tudo é culpa da
corrupção, “o grande mal do Brasil”. A partir daí, ficam cegas perante a
realidade e esquecem até de se informarem sobre o que de fato acontece no
Poder.
Todavia, infelizmente esse
discurso não é fruto apenas da ignorância. Ele está sendo intencionalmente
cultivado e vem cumprindo com êxito seu objetivo: deslegitimar o poder político
para que esse vácuo seja ocupado pelo poder econômico. A partir daí o
empresário pode, por exemplo, assumir o lugar de “salvador da nação”, “gerador de empregos” e
“quem sustenta o país”, mesmo que tudo isso não passe de um conto de fadas.
Afastar o povo de quem
o representa (ou deveria representar) é a melhor maneira de afastar a capacidade de impor limites à
ganância econômica. Dessa forma, fecha-se a via política, que é o meio desenvolvido
para o trabalhador discutir de igual para igual com quem detém o poder
econômico. E assim o conto de fadas cumpre seu papel: disciplinar, controlar e
pacificar, sem superar a desigualdade.
Luís Henrique Kohl Camargo - Gedis
Não há, entre os 'donos da mídia' e os que se auto identificam(e as vezes são mesmo) como 'donos do poder' qualquer interesse em informar corretamente, com isenção e sem distorções, a verdade dos fatos. Há interesses muito fortes, e isso vem de décadas, em manter o povo desinformado, mal informado ou na completa escuridão(o ideal). Assim fica mais fácil pregar mentiras,iludir ou distorcer a realidade, tudo com o objetivo maior de manobrar a opinião pública para favorecer benefícios de poucos. Nosso país nunca primou em privilegiar a educação das massas.Fomos o penúltimo país ocidental a abolir a escravatura, ganhamos só do Haiti. E se fizermos uma pesquisa hoje, muita "gente boa" ainda vai concordar com máximas do tipo "pobre foi feito pra trabalhar, só pra servir". Nossas classes dominantes, ao longo da história do país, nunca foram a favor da igualdade entre as pessoas...Ao contrário, sempre ouvimos(e continuaremos a ouvir) absurdos como "o Brasil não tem racismo,porque aqui pretos (e pobres) sabem o seu lugar". O ódio quase gratuito e cada vez mais intenso ao PT e aos governos petistas mostram isso, com todas as letras, nos dias atuais.
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