“todos que pela
fortuna, pela educação, pela inteligência ou pela astúcia, são aptos para
liderar uma comunidade humana e têm oportunidade de o fazer - em outras
palavras, todas as facções das classes dominantes - devem curvar-se perante o
sufrágio universal, desde que instituído, e igualmente, se a ocasião o exigir,
lisonjeá-lo e ludibriá-lo” (Gaetano Mosca).
Em
busca do melhor candidato – ou, em muitos casos, do menos ruim - o eleitor
atualmente se depara com uma ampla oferta de pretendentes e propostas, todos se
apresentando com a marca da diferença e da modernidade.
Embora
a promessa seja a da diferença, em muitos casos tem-se a repetição de práticas
e discursos, e o teor da propaganda permite conhecer o que o candidato, na
verdade, quer ocultar.
A
avalanche de mensagens e ofertas serve para diagnosticar, com grande
probabilidade de certeza, a existência de um picareta por trás delas.
São
os seguintes, dentre tantos, os discursos, fatos e práticas que denotam um
picareta:
1. “O candidato da família”: discurso hipócrita e
demagogo, em geral usado como cartão de visitas de quem quer manipular a boa-fé
das pessoas. Caberia a pergunta: como ele vai defender a família?
2. “Todo mundo faz assim” ou - o que é
pior - “todo mundo é corrupto”: o candidato justifica suas práticas.
Admite que não presta, mas coloca todos os pretendentes na vala comum: todos
compram votos, todos roubem. Este fato não é verdadeiro, pois ainda existem
pessoas boas na política. Por trás deste argumento há um safado em 100% dos
casos.
3. “É preciso evitar o conflito entre
ricos pobres”:
os que professam este tipo de discurso não estão preocupados em pacificar a
sociedade, mas em manter o resultado de um jogo onde alguns já estão ganhando.
Nesse caso, é fácil perceber quem está patrocinando sua campanha eleitoral.
4. “É preciso apoiar novas empresas”: diante desta
afirmação, pergunta-se: quais empresas?
5. Campanhas milionárias: estas, em geral, são
financiadas com dinheiro público. O candidato gasta muito porque o dinheiro não
é o seu, mas sim o do povo. Estes não vão lutar pela maioria.
6. Políticos sem profissão: grupo de pessoas que
não pode sair do cargo, pois precisam exerce-lo para lucrar o máximo possível
por meio dele.
7. “O candidato da igreja”: é aquele que usa a
religião para eleger-se, independentemente do credo. Há uma clara manipulação
do eleitor, pois não se quer discutir propostas (em regra, inexistentes).
8. O “político hereditário”: candidato cujo
principal atributo - por vezes único - é ser filho de alguém, em geral outro
político. Este tipo de picareta converte os interesses do Estado em interesses
familiares, pondo a Administração Pública a serviço da família.
9. O “gente boa” “que se dá bem com todo
mundo”:
este não representa nada. Política é inovação e mudança e isso se faz somente
com contestação, contrariando interesses. Se o político não contesta ninguém,
provavelmente a única coisa que ele quer mudar é a própria vida.
10. O “para-quedista”: este aparece
subitamente do nada, para onde retornará (não sem fazer algum estrago).
11. O “afilhado”: semelhante ao
hereditário. Não possui nenhum ideal e nenhuma qualidade. Foi inventado por
alguém que lhe transmite o carisma e votos, exigindo em troca obediência
suprema.
Não
se trata de um catálogo exaustivo. Ao contrário, o rol de condutas descritas é
apenas uma listagem de algumas das muitas atitudes comuns em época de campanha
eleitoral. Todavia, precavendo-se contra estas já da para melhorar em muito a
política.
Samuel Mânica Radaelli - GEDIS
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