sexta-feira, 13 de junho de 2014

O advogado e a democracia arranhada

Nessa última quarta-feira (11), o famigerado Presidente do STF, Joaquim Barbosa, foi outra vez protagonista de um polêmico ato de arbitrariedade e intolerância ao mandar os seguranças da casa retirar Luiz Fernando Pacheco (advogado de José Genoino) do plenário. O advogado havia interrompido a sessão para pedir que o Presidente do STF pautasse o recurso no qual pede a prisão domiciliar de José Genoino, por motivos de saúde. Segundo o advogado, o recurso (que é urgente) está há mais de dez dias na mesa de Joaquim Barbosa, sem nenhuma decisão.

Joaquim Barbosa aposentar-se-á, ao que sabemos, ainda neste mês de junho. Entretanto, nem por isso deixa de ser grave seu ato - o que deve, no mínimo, nos servir de alerta.

A existência da democracia representativa não se resume à possibilidade de o cidadão, a cada biênio, ir às urnas para escolher seus representantes. Muito mais do que isso, a democracia depende de uma série de garantias. Essas garantias são estratégias traçadas pela nossa Constituição para que, por um lado, os detentores do poder não abusem dele e, por outro, a sociedade não sucumba em razão de seus próprios instintos irracionais. Entre essas garantias está o valor do advogado. O ideal democrático é de que o advogado seja tão respeitado quando o juiz ou o promotor.

O advogado é, entre tantas outras coisas, aquele que constroi a defesa de seu cliente perante uma acusação. Assim, ouvir e respeitar o advogado é fazer real o direito à defesa – que, por sua vez, é uma garantia constitucional (art. 5º, LV da CF). Ora, garantias constitucionais são os pilares básicos de uma democracia. Logo, ouvir e respeitar o advogado é nada menos que participar na efetivação da própria democracia.

Se seguirmos esse raciocínio, será possível concluir que o Ministro Joaquim Barbosa, nessa última quarta-feira, novamente passou longe de sua promessa de defender a Constituição. É claro que o advogado de José Genoino havia interrompido a sessão – entretanto, inexistia razão para tratá-lo da maneira como o foi. O advogado estava apenas rogando para que o Presidente do STF levasse seu recurso a julgamento (recurso que é importante, tendo em vista as provas de que seu cliente estaria com a saúde abalada, o que justifica sua transferência à prisão domiciliar). Joaquim Barbosa, em vez disso, preferiu debater sobre o número de cadeiras que os Estados têm direito no Poder Legislativo.

O repúdio à postura de Joaquim Barbosa veio tanto da OAB (a qual afirmou que “sequer a ditadura foi tão longe”) quanto de seu próprio colega, o Ministro Marco Aurélio de Mello (que qualificou o ato de Barbosa como “péssimo”, defendendo que “o regime é essencialmente democrático e advogado tem, pelo estatuto da advocacia, o direito à palavra”).

Desrespeitar o advogado da maneira como Joaquim Barbosa fez é uma forma de desrespeitar a própria democracia. Trata-se de um importante arranhão na Constituição – por isso, somos todos vítimas, mesmo sem ter consciência disso. Fica esse alerta, então, sempre na lembrança de que “o preço da liberdade é a eterna vigilância”.

Luís Henrique Kohl Camargo - GEDIS

quarta-feira, 4 de junho de 2014

15 razões do senso comum que podem ser suas



Existe uma pessoa:

1. Que diz que "é só no Brasil que acontece essas coisas" sem conhecer a realidade de outros países;
2. Que diz que a legislação brasileira é branda, sem conhecê-la;
3. Que se diz cristão mas deseja a pena de morte (para alguns);
4. Que vai à igreja toda semana mas acredita que o mal se retribui com outro mal;
5. Que diz que os políticos não fazem nada mas nunca parou um minuto para conhecer o que eles fazem (trinta minutos de TV Senado resolveriam esse contrassenso);
6. Que diz que os partidos políticos são todos farinha do mesmo saco, mas nunca comparou a diferença ideológica das propostas feitas pelos diferentes partidos;
7. Que faz doações em público para os pobres mas sonega impostos;
8. Que fala que "o problema do Brasil é a corrupção" sem saber que se perde mais dinheiro com sonegação de impostos do que com desvios de verbas;
9. Que afirma que "a lei existe para ser cumprida", ao mesmo tempo em que regojiza quando um policial "mata o bandido";
10. Que acha que jogando lixo na rua está garantindo o emprego do gari;
11. Que deseja melhores serviços públicos ao mesmo tempo em que luta pela redução dos impostos;
12. Que pensa ser o vestibular uma disputa justa ("qualquer um consegue, basta estudar") ao mesmo tempo em que está matriculando seu filho em escolas e cursinhos particulares (por um preço que somente pequena parcela da população poderia pagar);
13. Que quando critica os outros é porque está exercendo sua liberdade de expressão, mas quando os outros o criticam é porque estão lhe tomando sua liberdade de expressão;
14. Que acha que "bandido tem que morrer na cadeia", mas nunca se entregou à polícia após dirigir embriagado ou assinar o nome por outro colega na lista de presença ou negociar com o prefeito o resultado de uma licitação (para favorecer sua empresa);
15. Que diz que o Brasil precisa de mais leis sem nem saber quantas leis estão em vigor no Brasil.

Luís Henrique Kohl Camargo - GEDIS