sábado, 21 de fevereiro de 2015

Quatro coisas que me dão medo


Ufanistas da ditadura de 64...
1) DEFENSORES DA PENA DE MORTE: para defender a pena de morte, é necessário acreditar que o Estado tem o direito de matar pessoas que praticam determinados crimes. Entretanto, mais do que isso, para defender a pena de morte é preciso acreditar que existem determinadas pessoas que merecem ser mortas. Os defensores da pena de morte são convictos de que, quando alguém pratica coisas muito graves, é necessário exterminá-lo. Essa visão paleolítica da sociedade está calcada em um desdém com a vida do outro, mas principalmente em um desejo de vingança irracional. Preocupante que uma pessoa só merece morrer caso ela não tenha mais direitos, e é por isso que os defensores da pena de morte brigam tanto com os direitos humanos. É necessário atenção, porque foi exatamente nesse cenário de privação de direitos que se desenvolveu um dos maiores holocaustos da humanidade: o nazismo.

2) CONSERVADORISMO JOVEM: se há um tempo ser jovem era sinônimo de mente transformadora, de luta por um mundo melhor, hoje o sonho acabou. Por incrível que pareça, a população jovem é mais (talvez tanto quanto) conservadora do que a adulta. Muito individualistas, as preocupações jovens estão ligadas a escolhas "estéticas-estilísticas", e defender uma ideologia parece uma perda de tempo. Por outro lado, observa-se que a população jovem, quando declara suas opções políticas, mostra uma nítida simpatia aos atuais discursos conservadores (mesmo os de pior qualidade, à Sheherazade e Olavo de Carvalho): o jovem chega ao ponto de ser o principal defensor da meritocracia! Contudo, se é missão do jovem construir o mundo pelo qual será o principal responsável no futuro, essa missão está caindo no esquecimento, ou transformando-se numa defesa pela conservação da coisa como está. O prognóstico para esse cenário é um futuro de indivíduos isolados, encontrando-se atomisticamente em suas busca por prazer individual, e os interesses de mercado regulando cada milímetro de nossas vidas.

...e os novos ufanistas.
Ps.: do Lobão não, do Lobão eu não tenho medo.
3) OPOSIÇÃO UFANISTA: a oposição ufanista pensa que existem dois lados: quem defende o PT e quem defende o Brasil. Assumem como sua maior missão derrubar o governo petista, travestindo esse desejo íntimo com um ar nacionalista, como se assim estivessem defendendo o Brasil. Travestindo-se de nacionalistas, conseguem disfarçar suas reais intenções: instaurar à força um Brasil desejado apenas por alguns. O nacionalismo promove o discurso de que quem votou no PT "votou errado" ou "não sabe votar" ou, pior, "votou porque recebe bolsa-família". A oposição ufanista acredita que os interesses da direita são os interesses do Brasil, muito embora muitos deles incrivelmente neguem a distinção entre esquerda e direita. A oposição ufanista também acredita que os interesses de seu partido são os interesses do povo, à revelia do resultado das últimas eleições (o ufanismo é tão grande que eles sequer dão legitimidade ao voto da maioria).


4) ANTIPETISMO: é como um vírus que se espalha e utiliza como combustível a raiva das pessoas. O antipetismo é uma doença porque tira a capacidade de reflexão e de crítica. Afeta áreas importantes do cérebro e da reflexão social. Antipetismo não é oposição, porque o antipetista pensa que não tem ideologia nem partido, e tem apenas como missão tirar o PT do poder. O antipetista não precisa escolher um lado para atuar politicamente. Essa doença está se espalhando inclusive entre aqueles que se beneficiaram com os mandatos petistas: essas pessoas, justamente por causa das políticas sociais, passaram a transitar pelos mesmos círculos que a antiga classe média, absorvendo destes o ódio antigo em relação aos progressos sociais dos últimos anos. Essa massa amorfa e desorganizada alimenta-se de rancor e de recalques, impedindo uma reflexão e uma escolha racional: qualquer palavra de apoio a uma escolha do governo, logo serás taxado "petista", e tudo o que o governo do PT faz é errado, por qualquer motivo que seja. Procuram apenas um líder forte o suficiente para ganhar força e acabar com o PT. Não importa seja Aécio, Tiririca ou Levy Fidélix: o simples fato de não ser PT, para o antipetista, é suficiente.

Luís Henrique Kohl Camargo - Gedis

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