sexta-feira, 3 de junho de 2011

A situação da educação em Santa Catarina - uma questão de direitos fundamentais


É de conhecimento comum que greve é direito social do trabalhador – inclusive do servidor público, salvo aqueles impedidos expressamente pela própria constituição (como é o caso dos policiais militares, por exemplo). Porém, afora a questão legal relativa a tal conduta coletiva, podemos observar nesse fenômeno social uma convergência complexa de fatores que desembocam em uma insatisfação coletiva que fundamentará a busca, por meio da paralisação de uma atividade/trabalho, de levar ao conhecimento da sociedade os problemas e as dificuldades sofridas por certa classe de trabalhadores. Assim, é erro crasso relacionar o exercício do direito à greve com uma tentativa impertinente de aferir vantagens por meio da intimidação.
Dito isso, passa-se a observar a greve dos professores da rede pública de ensino do Estado de Santa Catarina. Ora, muito mais do que a simples aplicação do piso nacional (decidido recentemente como constitucional pelo STF, tornando-se, portanto, vinculante aos Estados o piso definido por lei federal), a eclosão desse acontecimento social tem a mostrar às pessoas o descaso com que a educação é tratada pelo poder público em Santa Catarina.
Relegada à boa vontade dos professores que, em sua maioria, entregam arduamente suas vidas à docência, muitas vezes sem os meios físicos institucionais adequados, a educação vem sendo concebida como mero “fator subsidiário”, algo que não merece importância na aplicação da receita pública. O sofrível salário percebido pela categoria dos professores (elemento principal para a efetivação desse direito social) e a relutância do governo em estruturar de forma digna a carreira desses profissionais conforme o piso nacional demonstra o caráter secundário que adquire a preocupação com a formação da população catarinense.
Cumpre lembrar que, assim como a greve, educação é direito social fundamental e sua efetiva prestação é dever do poder público, que deve prezar pela máxima eficácia na oferta desse serviço. Essa máxima eficácia passa, em primeiro lugar, pela valorização do profissional da educação, que deve ser uma referência para a sociedade.
A Constituição de 1988 outorgou aos três níveis da federação (União, Estados e Municípios), de forma comum e solidária, a competência para a promoção da educação pública, deixando aos Municípios precipuamente a educação infantil e o ensino fundamental, aos Estados prioritariamente o ensino fundamental e médio e à União a prioridade quanto às instituições federais de ensino (art.211, CF). Assegurou também aos profissionais de ensino o plano de carreira e o piso nacional (art.206, V e VIII). Portanto, independentemente dos obstáculos orçamentários à efetivação desses direitos (invocados pelo Governo Estadual), enquanto o Poder Público Estadual não concretizar tais prerrogativas constitucionais estará agindo em inconstitucionalidade. Atenta-se para o fato de que o Estado de Santa Catarina pode – e deve, se for o caso – solicitar ao Governo Federal os recursos necessários à aplicação do piso nacional, devendo, para isso, justificar de forma clara as razões de sua insuficiência orçamentária que o impedem de fazer valer essas diretrizes constitucionais.
Podemos estar diante de um passo fundamental para a mudança da ideia de submissão a qual o Brasil se encontra submetido em escala global. Insta afirmar que tal mudança só ocorrerá no momento em que formos capazes de reproduzir intelectualmente aquilo que hoje somos capazes de produzir materialmente. Esse processo, por sua vez, somente será possível a partir do momento em que a educação fizer parte das prioridades governamentais. Por essa razão devemos observar a greve dos professores da rede pública de educação do Estado de Santa Catarina como um fenômeno coletivo preocupado em integrar a sociedade no debate quanto à situação da educação pública em nosso Estado, exercendo um direito fundamental social que fortalece a relação democrática da qual a sociedade, muitas vezes, é relegada.


Luís Henrique Kohl Camargo - GEDIS

2 comentários:

  1. De fato, a greve é a forma encontrada depois de muito esperar por mudanças, de muito acreditar na utópica visão da educação de qualidade no Brasil.
    Governantes com os bolsos cheios, com tantos auxílios que nem sequer conseguem usufruir de todos não se preocupam com a desvalorização do profissional que constrói nossa base, aquele que leva trabalho pra casa, que esgota os nervos e a paciência tentando achar um meio de ensinar (até quem nao quer).
    Ouvi um político catarinense se dizer preocupado com as crianças que não tem aonde ficar por causa da greve!
    Não preocupam-se com o principal. Não é prioridade o fato de que essas crianças NÃO RECEBEM EDUCAÇÃO (que é direito!), não importam-se que os profissionais base da construção do futuro de nosso futuro estejam cansados, estejam ganhando pouco e trabalhando mau, não é importante que a educação não seja nem razoável... mas aonde as crianças vão ficar?
    Ora, na visão de um governante é para isso servem as escolas então? Para ficar lá?

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  2. esse seu comentario diz tudo,tenho 15 anos meu nome é luiz augusto e estudo no instituto estadual de educaçao
    vejo o cansaço dos professores.
    sao mal pagos o que faz com que eles fiquem com menos vontade de dar aula para chegar ao final do mes,ter que aturar o governo sem o minimo de respeito dizer
    "nao este piso é incostitucional,incostitucional é ele negar uma lei nacional aprovada.
    eu na minha escola tenho professores que ainda tem uma estrutura para trabalhar,com laboratorios para cada disciplina,dois laboratorios de informatica com computadores "razoaveis" salas de video...
    mais isso se deve porque é o maior colegio publico da america latina
    e ainda sim esta longe do ideal comparado a estrutura dos paises desenvolvidos
    o governo se preocupa mais em desviar dinheiro para o asfalto ou para subir nas comunidades carentes e dizer que vai dar uma saca de cimento para um pobre coitado que nao teve estudo e o pobrezinho vai la e da o seu voto que deveria ser bem pensado,ou entao entram numa rua que tem chao batido e dizem
    se eu for eleito eu vou asfaltar esse bairro todo
    mais eu me pergunto e gostaria que vocês se questionacem.precisamos mesmo de asfalto ou precisamos de uma saude publica decente?uma escola de qualidade com professores bem pagos que possam chegar na sala de aula com um sorriso pois receberam seu salario e poderam gozar a vida com ele,que possam chegar e pagar uma especialisacao para que possa dar mais conhecimento aos seus alunos
    fico me perguntando diariamente por que nao pagam uma merda de um salario digno,pois o professor que sente orgulho em dizer eu dou aula em um colegio publico merece uma homenagem
    porque a situaçao e dificil se o povo nao esta nem ai para o que o governo faz
    amanha tambem nao estara nem ai,porque se hoje os professores entram na sala dizem qualquer coisa e saem é porque estao desmotivados a trabalhar,os que tentao ensinar as pessoas a criticar o modo em que as coisas sao estes sao escutados por uns ou outros ja que a grande massa só esta preocupado com as namoradinhas ou com o sinal que vai bater e nao absorvem conhecimento,estes vao ser o futuro do Brasil e que futuro em?ignorantes e vendidos ao sistema
    custava parar de brincar e pensar no futuro?
    eu gostaria que um politico parace na frente do computador e visse isso aqui
    enquanto os senadores(luiz henrique,e paulo bauer sei la como escreve o nome de corrupto nem tenho interesse em saber)so dizem que vao fazer isso e aquilo e vao pedir dinheiro para poderem meter a mao na metade
    somos um dos estados mais ricos do Brasil e escuto pela minha professora de física que no nordeste os estados que mal tem verbas pagam os professores dignamente e o ensino é mais forte
    penso que é mais facil enrolar uma pessoa leiga do que alguem que para e pensa sobre o seu voto
    o Brasil cresce economicamente mais esquece do que é mais importante saude educaçao e segurança
    nao se pensa nisso aqui no Brasil por isso numca seremos o primeiro mundo
    seremos sempre sub desenvolvido nao adianta toda a populaçao ser milhonaria no brasil se for todos ignorantes.
    esse e meu ponto de vista sobre a educaçao e o governo desse pais que chamamos de "patria amada"no qual gritamos e nos unimos quando tem jogo do Brasil no futebol e quando nao tem nem lembramos disso.

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