segunda-feira, 27 de março de 2017


CONDENADA POR SER MULHER OU CONDENADA A SER MULHER*

Frágil, delicada, meiga, doce e simpática. Essas são algumas, das muitas características que toda mulher “que se preze” em uma sociedade machista precisa ter.
Lavar, cozinhar, passar, ser organizada, cuidar dos filhos, ter filhos, cuidar do marido, casar. Essas são algumas, das muitas funções que precisamos dar conta, nem que para isso tenhamos que fazer duplas ou triplas jornadas.
Mas vejam só, muitas foram as conquistas das mulheres nos últimos anos, a exemplo disso podemos até trabalhar “fora”. Mesmo que, na maioria das vezes, em cargos que se configuram como uma extensão do trabalho doméstico, ou seja, cargos em que desempenhamos funções semelhantes às que fazemos em casa. E, desde que, claro, as conciliemos com o cuidado da casa, do contrário se é uma péssima esposa. Desde que, claro, cuidemos e eduquemos nossos filhos, do contrário se é uma mãe deplorável.
Podemos votar, e até somos número ou anexo em partidos políticos.
Podemos dirigir, desde que obrigadas a engolir piadas machistas. Mesmo que o carro nos tenha sido apresentado depois da maioridade, e para os meninos desde o nascimento, afinal carrinho é brinquedo de menino.
Não nego que de fato, muitas lutas ocorreram ao longo dos anos, sim tivemos algumas conquistas. Mas venho aqui indagar sobre o quanto ainda somos condenadas por sermos mulheres.
Indagar sobre como vivemos em uma sociedade em que a violência sexual e doméstica muitas vezes é romantizada. E precisamos atentar a essas temáticas, pois a violência aparece em muitos tons.
Somos singulares, vivenciamos nossa feminilidade de formas diversas, e devemos sim ter direitos, ser reconhecidas, vistas e ouvidas. Não podemos mais em uma sociedade dita tão avançada, sermos condenadas a ser aquela mulher, um ruído.
Com isso, feliz dia das mulheres, porque não podemos, diante de nossa complexidade e diferenças sermos reduzidas ao singular.

* Monique Fernanda dos Santos



AI, QUE SAUDADES DA AMÉLIA!*

O que se há de fazer?
pelo pobre homem ou Amélia?
À procura de ser ou não ser
Aquela que se quer sempre bela
em casa, na cama, a entender
que seu lugar há de sempre ser
na sombra, em segundo e à espera.

Que triste condenação:
por ser ou a ser mulher.
Vivendo sempre em condição
de estereótipos quaisquer,
em busca de luz e ascensão
para que não se compreenda em vão
o que é, de fato, ser mulher.

Muitas conquistas, a contar.
Longo caminho, a percorrer.
Pois, a condição em ainda estar
condenada a ser ou por ser
é pauta de discussão
de diversas, e sem diversão
pra melhor podermos entender.

O saudosismo de Amélia
é pra gente enxergar
uma mulher que por vir
não pode viver sem lutar
olhando do fronte ao futuro
passando por cima do muro
esquecendo Amélia singular.


Fábio Soares. Professor e Mestre em Comunicação.

*Publicados na Coluna Pimenteiro na versão impressa do Jornal Data X de 03 de março de 2017. 

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