CONDENADA
POR SER MULHER OU CONDENADA A SER MULHER*
Frágil, delicada, meiga, doce e
simpática. Essas são algumas, das muitas características que toda mulher “que
se preze” em uma sociedade machista precisa ter.
Lavar, cozinhar, passar, ser
organizada, cuidar dos filhos, ter filhos, cuidar do marido, casar. Essas são
algumas, das muitas funções que precisamos dar conta, nem que para isso
tenhamos que fazer duplas ou triplas jornadas.
Mas vejam só, muitas foram as
conquistas das mulheres nos últimos anos, a exemplo disso podemos até trabalhar
“fora”. Mesmo que, na maioria das vezes, em cargos que se configuram como uma
extensão do trabalho doméstico, ou seja, cargos em que desempenhamos funções
semelhantes às que fazemos em casa. E, desde que, claro, as conciliemos com o
cuidado da casa, do contrário se é uma péssima esposa. Desde que, claro,
cuidemos e eduquemos nossos filhos, do contrário se é uma mãe deplorável.
Podemos votar, e até somos número
ou anexo em partidos políticos.
Podemos dirigir, desde que obrigadas
a engolir piadas machistas. Mesmo que o carro nos tenha sido apresentado depois
da maioridade, e para os meninos desde o nascimento, afinal carrinho é
brinquedo de menino.
Não nego que de fato, muitas
lutas ocorreram ao longo dos anos, sim tivemos algumas conquistas. Mas venho
aqui indagar sobre o quanto ainda somos condenadas por sermos mulheres.
Indagar sobre como vivemos em uma
sociedade em que a violência sexual e doméstica muitas vezes é romantizada. E
precisamos atentar a essas temáticas, pois a violência aparece em muitos tons.
Somos singulares, vivenciamos
nossa feminilidade de formas diversas, e devemos sim ter direitos, ser
reconhecidas, vistas e ouvidas. Não podemos mais em uma sociedade dita tão avançada,
sermos condenadas a ser aquela mulher, um ruído.
Com isso, feliz dia das mulheres,
porque não podemos, diante de nossa complexidade e diferenças sermos reduzidas
ao singular.
* Monique
Fernanda dos Santos
AI,
QUE SAUDADES DA AMÉLIA!*
O
que se há de fazer?
pelo
pobre homem ou Amélia?
À
procura de ser ou não ser
Aquela
que se quer sempre bela
em
casa, na cama, a entender
que
seu lugar há de sempre ser
na
sombra, em segundo e à espera.
Que
triste condenação:
por
ser ou a ser mulher.
Vivendo
sempre em condição
de
estereótipos quaisquer,
em
busca de luz e ascensão
para
que não se compreenda em vão
o
que é, de fato, ser mulher.
Muitas
conquistas, a contar.
Longo
caminho, a percorrer.
Pois,
a condição em ainda estar
condenada
a ser ou por ser
é
pauta de discussão
de
diversas, e sem diversão
pra
melhor podermos entender.
O
saudosismo de Amélia
é
pra gente enxergar
uma
mulher que por vir
não
pode viver sem lutar
olhando
do fronte ao futuro
passando
por cima do muro
esquecendo
Amélia singular.
Fábio Soares. Professor e Mestre em Comunicação.
*Publicados na Coluna Pimenteiro na versão impressa do Jornal Data X de 03 de março de 2017.
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