O episódio recente do golpe branco dado ao presidente Fernando Lugo
revela o quanto a democracia depende da vigilância política consolidada através
da cidadania ativa.
Nesse acontecimento a posicão da mídia é novamente a mais reacionária e
antidemocrática possível, a qual, diante de um processo de cassação de mandato
de um presidente que durou apenas 30 horas, insiste em estratégias sutis de
parcialidade, não sendo mais defensável
do ponto de vista político defender o golpe à luz da democracia, começa disseminar
que, para os interesses brasileiros, deve ser reconhecida como legítima a troca
de governo.
Em geral, os grandes jornais e emissoras de TV não têm o menor pudor em
contradizer a posições recentemente assumidas quando criticavam a integração
latino-americana, dizendo que é prejudicial “levar nas costas” países como o
Paraguai, ou Bolívia. Agora, o discurso midiático diz que o processo de
integração não deve ser ameaçado em razão de divergências políticas, afinal
descobriu-se “repentinamente” que nossa balança comercial tem um superávit de
1,3 bilhão de dólares por ano nas relações de comércio. Espantoso!
Mais espantoso é que essa análise não é feita em relação Irã: lá não
vale o ganho comercial, vale a democracia. Um comparativo entre os dois casos
revela a atuação incoerente da mídia: em relação ao Irã o Brasil deve impor a
democracia ao país e à população; em relação ao Paraguai deve colaborar para o
fim dela à revelia da vontade popular, em razão do interesse dos brasiguaios.
É muita contradição!
Por trás está o combate à mudança social, propósito que torna qualquer
discurso de imparcialidade ou liberdade imprensa um grande mentira. Por essas e
outras é que a mídia é o maior entidade de direita no Brasil de hoje.
Samuel Mânica Radaelli – GEDIS
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