A
mulher arrastada pela Polícia Militar do RJ
por 250 metros de asfalto (cujos filhos afirmaram que, fosse mais um
pouco, “sobraria só osso”), não foi vítima de um evento isolado. O abuso
de autoridade praticado por policiais militares parece ser algo tão
corriqueiro nos noticiários quanto as denúncias de atos de corrupção dos
políticos. Por essa, entre outras razões, que se discute sobre a
desmilitarização.
Mas afinal, o que é a desmilitarização?
Em
um primeiro momento, as pessoas costumam assustar-se com a ideia.
Quando se fala em fim da Polícia Militar, parece que, de um dia para o
outro, elas ligarão para o 190 e ninguém atenderá. Não é bem assim.
Sempre
existiram estas duas forças policiais no Brasil: a militar e a civil.
Atualmente, cabe à Polícia Civil as funções de investigar os crimes que
acontecem na sociedade, apurando culpados e colhendo provas para formar o
conhecimento do promotor e, em outro momento, do juiz. A Polícia
Militar dedica-se, por outro lado, ao policiamento ostensivo (prevenir
que os crimes ocorram) e à preservação da ordem pública (que ninguém
sabe exatamente o que é). Antes da ditadura militar, a Polícia Civil
fazia, também, a guarda ostensiva.
A
proposta da desmilitarização busca, de certa forma, a unificação dessas
forças, extinguindo o caráter militarista de nossa força policial. As
funções da polícia serão mantidas – entretanto, mudam-se suas posturas.
Acabam-se aquelas práticas cruéis que caracterizam o treinamento
militar. A consequência é a formação de uma polícia mais democrática,
mais humana e eficaz - consequentemente, menos afobada no trato com
aqueles cidadãos que violam a lei brasileira.
Uma
polícia que mata para proteger patrimônio ou para evitar “desordem
pública” não é democrática. A título de exemplo: a Polícia Militar de
São Paulo mata quase nove vezes mais do que todas as polícias dos
Estados Unidos – que não mantém essa divisão que há no Brasil e cujos
policiais recebem formação exclusivamente civil*. Não há cisão entre o
policiamento militar e civil, nos EUA.
Embora
a questão seja bem mais profunda, é importante que a população esteja
ciente: mesmo se a polícia militar acabar, ainda assim as pessoas
poderão ligar para o 190 e denunciar ocorrências. Continuará havendo
policiais correndo atrás de criminosos, investigando crimes,
acompanhando eventos etc. A principal diferença é que esses
profissionais receberão uma formação civil – não serão um exército
disfarçado que se sente lutando contra um inimigo. Bom para todos,
principalmente para o cidadão.
Luís Henrique Kohl Camargo - GEDIS
*Fonte:http://www.revistaforum.com.br/blog/2013/01/desmilitarizar-e-unificar-a-policia/
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